Valéria de Paula Lima
Chegamos ao ano 2000 e se faz necessário pensar na emergência de uma nova economia, alguns a chamam de informacional, outros de economia globalizada.
As características da velha economia como visão nacional, regulação, monopólio, segurança e "status quo" não cabem nos novos tempos. Vejam só, assim vimos caminhar esta década que se passou e outras mais.
E hoje? Quais são as características desta nova economia?
Hoje caminhamos com uma visão global; a parceria é essencial entre o que é público e o privado; o que impera é a competição; todos vivem correndo riscos, não ouvimos mais alguém dizer: - vou me aposentar daqui há 25 anos. Tudo ocorre com muita velocidade e mudança é a lei.
Segundo Waldez L. Ludwig, "a hierarquia cedeu lugar a rede, reverenciamos as pessoas pelo conhecimento que possuem". Antes valorizávamos plantas, equipamentos, agora o que tem valor é o capital intelectual. Não trabalhamos mais em grupos, e sim, em times; cada um tem habilidades e competências que devem ser valorizadas.
E o nós professores? Já entramos na era do capital intelectual?
Qual é o nosso papel diante de um mundo tecnológico e veloz na era do conhecimento?
Possuímos o espaço mais valorizado desta era e no entanto, estamos totalmente fora dela. O médico que não se atualizou, não tem paciente; o supermercado que não informatizou seus equipamentos virou mercado, e a nossa escola? Possui alguns computadores, mas não sabemos o que fazer com eles... No espaço dedicado a aprender, a informação tem concorrente... Concorre com o giz e o quadro negro, com um amontoado de cópias e com pouquíssimos trabalhos em times, talvez alguns pequenos grupos discutindo... criar não é necessário.
Talvez estejamos assim porque nossos professores não puderam prever o futuro: não nos ensinaram a pensar e criar, a aprender a aprender e será que temos consciência do nosso potencial cognitivo, afetivo e social?
Esta resposta daremos aos nossos alunos, através da atualização do trabalho pedagógico. Não descartamos o velho... mas queremos deixar a escola a altura do seu tempo.
O que significa este aprender contínuo?
Para o Prof. José Armando Valente "é a possibilidade de aprender em qualquer lugar, a qualquer momento; a escola perde o monopólio da formação e passa ser um local para ajudar o aprendiz a atribuir significados a informação."
Mais importante ainda se torna o fazer e o compreender. Para compreender se faz necessário uma tomada de consciência, uma transformação. Para Jean Piaget, ser capaz de fazer com sucesso, não significa só compreender o que faz, mais ainda, compreender não é geral, está relacionado com o objeto da ação e depende do nível de interação com o objeto.
Para criar situações que estimulem a compreensão se faz necessário um ambiente rico em tecnologias da informação, em informação e com agentes de aprendizagem, que às vezes é o professor e muitas vezes, os próprios alunos quando nós nos tornamos aprendizes.
E a informática adquire assim, um papel importante porque pode explicitar e executar processos mentais e construir conhecimentos por meio do ciclo descrição - execução - reflexão - depuração.
Implantar a educação do compreender na escola não é uma tarefa fácil. É preciso torná-la um espaço de ação complexa e solidário envolvendo alunos, pais, professores, direção e especialistas.
Esta mudança só acontecerá se todos adotarem uma postura coerente dentro de uma nova lógica atuando como facilitadores da construção de mudança e entendendo os papéis dos diferentes elementos da escola.
O aluno é o ator principal: cria soluções, pensa e reflete, depura suas idéias, interage com sua cultura, trabalha em grupo e desenvolve a consciência do seu potencial cognitivo, social e afetivo.
Se o aluno é o ator principal, qual será nosso papel?
O professor facilitará a realização do ciclo da aprendizagem, desafiando o aluno, estabelecendo parcerias e ajudando a tomar consciência do seu potencial.
E o diretor?
O diretor também tem um papel fundamental: de criar o projeto de mudança com a comunidade escolar, de flexibilizar normas para implantação do ciclo da continuação da mudança e de trabalhar com a comunidade escolar e com especialistas externos.
Por isto, não estamos sozinhos. Nós temos que trabalhar juntos na construção desta nova escola.
Como diz Waldez L. Ludwig, a mudança vai acontecer pela educação, mas é preciso antes de tudo, mudar a educação.
Ter a escola na era digital não significa implantar laboratórios de informática, mas sim, criar possibilidades da construção da mudança na escola. E mudança não acontece por decreto, é algo que se constrói no caminhar.
Valéria de Paula Lima é mestranda em Informática Educacional.
Prof. José Armando Valente é professor Doutor e Coordenador do NIED/UNICAMP
Waldez L. Ludwig é psicólogo e assessor d várias empresas.
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